Münchener Post - Justiça dos EUA modifica sentença de irmãos Menéndez e abre possibilidade de liberdade condicional

München - 14°C

NAS NOTíCIAS

Justiça dos EUA modifica sentença de irmãos Menéndez e abre possibilidade de liberdade condicional
Justiça dos EUA modifica sentença de irmãos Menéndez e abre possibilidade de liberdade condicional / foto: Handout - Departamento Correccional y de Rehabilitación de California/AFP

Justiça dos EUA modifica sentença de irmãos Menéndez e abre possibilidade de liberdade condicional

Lyle e Erik Menéndez, presos pelo assassinato de seus pais em 1989, conquistaram uma importante vitória judicial nesta terça-feira (13), em Los Angeles, quando um juiz dos Estados Unidos aliviou os termos de sua sentença, o que abre caminho para a possibilidade de eles pedirem liberdade condicional.

Tamanho do texto:

Os irmãos foram condenados à prisão perpétua, sem direito à liberdade condicional, pelo parricídio que chocou os Estados Unidos nos anos 1990.

No entanto, após uma cruzada jurídica que ganhou força com o apoio da opinião pública, nesta terça, o juiz Michael Jesic alterou a sentença para uma de 50 anos ou prisão perpétua, o que permitiria introduzir um pedido de liberdade condicional perante a junta correspondente.

Durante uma audiência bastante emotiva, os irmãos se dirigiram à corte através de uma chamada de vídeo da prisão em San Diego, onde estão reclusos.

"Matei minha mamãe e meu papai. Não tenho desculpas", disse Lyle, de 57 anos, segundo jornalistas presentes no tribunal.

"Assumo toda a responsabilidade de minhas escolhas [...] A escolha de apontar uma arma para minha mamãe e meu papai, de recarregar, de correr e me esconder, e de fazer tudo o que podia para conseguir escapar."

Erik, de 54 anos, também disse estar consciente de suas ações. "Atirei cinco vezes contra meus pais, e fui atrás de mais munição. Menti para a polícia, para a minha família. Sinto muito", contou.

Este era um ponto central da Promotoria de Los Angeles, que era contrária a aliviar a sentença dos irmãos, argumentando que não apenas não tinham assumido a responsabilidade de seus atos, mas que, durante décadas, tinham apresentado diferentes versões do crime e seus motivos.

A audiência desta terça foi produto de uma intensa campanha judicial de quase dois anos, que ganhou fôlego graças ao sucesso de uma minissérie e de um documentário da Netflix que apresentaram o caso para uma nova geração.

Nesta terça, vários familiares dos irmãos Menéndez imploraram ao juiz por sua libertação argumentando que os homens que estavam perante a Justiça hoje não eram os mesmos que empunharam as armas contra José e Kitty Menéndez em sua luxuosa mansão de Beverly Hills.

"Acreditamos que 35 anos são suficientes", disse Anamaria Baralt, prima dos Menéndez. "Nossa família os perdoou", acrescentou. "Eles merecem uma segunda oportunidade."

A decisão provocou reações emocionadas do lado de fora do tribunal.

"Quero agradecer ao juiz Jesic por ser justo", disse Baralt aos jornalistas posicionados à saída do tribunal.

"Estou muito feliz de ter passado rímel à prova d'água porque chorei durante todo o dia, mas estas são lágrimas de alegria."

O advogado dos irmãos, Mark Geragos, disse que a decisão prova que a "redenção é possível".

"O certo é que os irmãos Menéndez fizeram um trabalho notável e hoje é um grande dia depois de 35 anos", disse.

A decisão de Jesic permitirá a Lyle e Erik continuarem sua cruzada jurídica diante de uma junta de liberdade condicional. Uma audiência está prevista para o próximo mês.

- Assassinato chocante -

O violento assassinato do poderoso empresário musical de origem cubana e de sua esposa abalou os Estados Unidos em 1989.

Os irmãos, à época com 21 e 18 anos, abriram fogo a sangue frio contra seus pais enquanto assistiam televisão. Atiraram várias vezes e, inclusive, recarregaram e assassinaram sua mãe.

Inicialmente, eles tentaram criar um álibi e culparam a máfia pelo assassinato brutal.

Mas, após a confissão de Erik para seu terapeuta, as autoridades não demoraram a colocá-los atrás das grades.

Em um julgamento com enorme cobertura da mídia, a defesa alegou que o crime foi consequência de anos de abuso psicológico e sexual pelas mãos de um pai violento e de uma mãe negligente.

Mas a Promotoria os acusou de planejarem o duplo homicídio para se apoderarem de uma herança milionária.

Um primeiro júri não alcançou um veredicto unânime, mas o segundo julgamento terminou com a condenação à prisão perpétua.

H.Erikson--MP