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Exército israelense admite 'erro' após morte de socorristas em Gaza

Exército israelense admite 'erro' após morte de socorristas em Gaza

Uma investigação do Exército israelense concluiu, neste domingo (20), que houve "falhas profissionais" e "descumprimento de ordens" por parte de suas tropas em um incidente no qual 15 socorristas morreram na Faixa de Gaza no dia 23 de março.

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O ataque das tropas israelenses contra um comboio de ambulâncias, que foi condenado por parte da comunidade internacional, aconteceu no sul do território palestino, poucos dias após Israel romper uma trégua.

O Exército israelense afirmou que a investigação não encontrou evidências que apoiem as denúncias de execução e disse lamentar as vítimas colaterais.

"As tropas não atiraram de maneira indiscriminada, mas permaneceram em alerta para responder a ameaças reais", indicaram os militares.

"Dizemos que foi um erro, mas não acreditamos que seja um erro que aconteça todos os dias", declarou o general da reserva Yoav Har-Even, encarregado da investigação, em uma coletiva de imprensa.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, disse em abril estar "horrorizado" com as mortes e apontou que o incidente levanta dúvidas sobre possíveis "crimes de guerra".

Oito funcionários do Crescente Vermelho Palestino, seis trabalhadores membros da Defesa Civil de Gaza e um funcionário da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) morreram no ataque, segundo o Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) das Nações Unidas.

O Exército de Israel afirmou que a investigação concluiu que seis mortos eram integrantes do movimento islamista palestino Hamas, que governa Gaza.

No relatório, os militares israelenses admitem falhas de suas tropas no momento de relatar o incidente, o que levou à destituição de um subcomandante.

"A investigação identificou várias falhas profissionais, não cumprimento de ordens e falta de informações completas sobre o incidente", afirmaram as forças israelenses.

O Exército acrescentou que um subcomandante "será destituído de seu cargo devido às suas responsabilidades" por fornecer "um relatório incompleto e impreciso" durante a investigação.

O presidente do Crescente Vermelho Palestino, Yunis Al Jatib, declarou a jornalistas em 7 de abril que a autópsia das vítimas revelou que "todos os mártires foram baleados na parte superior do corpo, com intenção de matar".

- Exército expressa pesar -

O relatório militar israelense afirma que "15 palestinos morreram, seis deles identificados em uma investigação retrospectiva como terroristas do Hamas".

"As Forças de Defesa de Israel expressam pesar pelo dano causado a civis não envolvidos", ressalta o comunicado militar.

Todas as vítimas vestiam uniformes de socorristas e nenhuma arma foi encontrada, acrescentou.

Dois sobreviveram, um dos quais "continua detido", segundo o Exército, que não forneceu sua identidade.

O Crescente Vermelho Palestino disse anteriormente que um motorista de ambulância, Asaad al Nsasrah, foi "sequestrado" durante o incidente e estava detido pelas autoridades israelenses.

Alguns dias após o ataque, as forças israelenses afirmaram que os soldados abriram fogo contra "terroristas" que avançavam em sua direção, no escuro e de forma "suspeita".

O Crescente Vermelho divulgou imagens de um smartphone recuperado de um socorrista morto que parecem contradizer a versão inicial do Exército.

O vídeo mostra ambulâncias avançando com os faróis acesos e as luzes de emergência ativadas.

"Não mentimos, cometemos erros, infelizmente", argumentou neste domingo o porta-voz do Exército Effie Defrin.

Os corpos dos 15 falecidos foram enterrados perto do local do ataque, na região de Tal al Sultan, em Rafah, no que o OCHA descreveu como uma "vala comum".

O ataque demonstrou os riscos enfrentados pelos profissionais de saúde e os socorristas em Gaza desde o início da guerra, desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas em território israelense em 7 de outubro de 2023.

O.Braun--MP