

Primeiro-ministro australiano promete governo 'disciplinado' após vitória eleitoral
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, celebrou no domingo (4) a sua vitória nas eleições, com a promessa de um governo "disciplinado, ordenado" para enfrentar o aumento no custo de vida e a guerra comercial lançada por Donald Trump.
Apoiadores aplaudiram quando o premiê de 62 anos visitou o Café Itália, em Sydney, rodeado por fotógrafos e câmeras de televisão.
O Partido Trabalhista de Albanese está a caminho de uma confortável maioria no Parlamento, enquanto seu rival, o conservador Peter Dutton, à frente de uma coalizão de partidos, perdeu sua cadeira.
Segundo as projeções, os trabalhistas conseguiriam 82 assentos dos 150 que o Parlamento possui. A coalizão liderada por Dutton somaria 36, outros partidos, 12, e a atribuição de outros 20 assentos ainda não está clara.
"Seremos um governo disciplinado, ordenado em nosso segundo mandato", declarou Albanese, depois de servir sorvete aos repórteres no café que costumava frequentar com sua mãe.
"Ela ficaria muito orgulhosa", disse ele sobre sua falecida mãe solteira, Maryanne, que o criou em um modesto apartamento em Sydney.
"Recebemos a grande honra de servir ao povo australiano e não a tomamos como garantida, trabalharemos duro todos os dias", afirmou.
Albanese, primeiro-ministro desde a vitória surpreendente nas eleições de 2022, prometeu desenvolver as energias renováveis, combater a crise da moradia e aumentar o financiamento do sistema de saúde.
"Obrigado ao povo da Austrália pela oportunidade de continuar servindo ao melhor país do mundo. Nesta época de incerteza global, os australianos escolheram o otimismo e a determinação", disse ele à multidão em uma festa de campanha em Sidney.
Seu rival, Peter Dutton, um ex-policial da brigada de narcóticos de 54 anos, fez campanha para reduzir a imigração, combater o crime e suspender a proibição de desenvolver energia nuclear civil na Austrália.
Dutton disse que ligou para Albanese "para parabenizá-lo pelo seu sucesso".
"Não fomos o suficientemente bem nesta campanha, isso é óbvio nesta noite, e aceito toda a responsabilidade" pela derrota, afirmou.
- Efeito Trump -
A campanha eleitoral foi sacudida desde os primeiros dias pela ofensiva comercial do presidente americano, Donald Trump.
A Austrália, aliado histórico dos Estados Unidos, está sujeita a taxações americanas de 10% sobre grande parte de seus produtos.
Algumas pesquisas realizadas antes das eleições indicam que o apoio aos conservadores diminuiu devido às políticas de Trump, qualificado de "grande pensador" por Dutton.
"Quero dizer, Donald Trump está louco como uma cabra, e todos nós sabemos disso", comentou Alan Whitman, um australiano de 59 anos, antes de votar neste sábado. "E temos que ter cuidado com isso", acrescentou.
Na Austrália, o voto é obrigatório e não exercer esse direito pode acarretar em uma multa de 20 dólares australianos (73 reais) fazendo com que a participação chegasse aos 90%.
Albanese condenou, por sua vez, as tarifas americanas, considerando-as um ato de "autodestruição econômica" e um "gesto indigno por parte de um país amigo".
A economia preocupa os eleitores, e muitos lares australianos se viram afetados pela inflação dos alimentos, da eletricidade e do combustível.
Do exterior, começaram a chegar reações aos resultados eleitorais.
Uma mensagem similar veio da presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, e do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse que Kiev "valoriza o apoio inabalável da Austrália e sua postura de princípios para terminar a guerra com a Rússia".
Ch.Mayr--MP