

Serviços de emergência em Gaza advertem que estão à beira do colapso
A Defesa Civil da Faixa de Gaza, órgão responsável pelas operações de resgate e emergência no território palestino, alertou nesta quinta-feira (8) que está à beira do colapso devido ao bloqueio imposto por Israel à entrega de ajuda humanitária.
Autoridades israelenses dizem que o objetivo de bloqueio, que começou há mais de dois meses, é forçar o Hamas a libertar os reféns ainda mantidos em Gaza desde o ataque sem precedentes do movimento islamista em 7 de outubro de 2023.
"Setenta e cinco por cento dos nossos veículos estão parados devido à falta de diesel", disse Mahmoud Basal, porta-voz da Defesa Civil em Gaza.
"Estamos enfrentando uma grave escassez de geradores de energia e dispositivos de oxigênio", acrescentou.
Vários funcionários da ONU e de ONGs vêm alertando há semanas para a escassez de alimentos, remédios e combustível na Faixa de Gaza, onde a ajuda humanitária é vital para seus 2,4 milhões de habitantes.
Mais de 30 especialistas independentes com mandatos do Conselho de Direitos Humanos da ONU pediram na quarta-feira aos países que "atuem rapidamente para acabar com o genocídio em curso" no território palestino.
"O que estamos vendo é apenas mais destruição, mais ódio, mais desumanização", disse o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk.
No hospital de campanha do Kuwait em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, palestinos fazem fila para doar sangue.
"Nessas circunstâncias difíceis, viemos apoiar os feridos e doentes doando nosso sangue", disse Moamen Cheikh al-Eid, em um leito com uma agulha no braço.
- "Sangue vital" -
A diretora do laboratório do hospital, Hind Joba, disse: "Não há nada para comer, nada para beber, as passagens estão fechadas e não temos acesso a uma dieta nutritiva ou rica em proteínas".
"Apesar disso, as pessoas vieram (...) Esse sangue é vital, elas sabem que cada gota pode salvar a vida de uma pessoa ferida", disse.
Israel, que retomou sua ofensiva em Gaza em 18 de março após uma trégua de dois meses, anunciou na segunda-feira um plano para "conquistar" o território, o que envolveria um deslocamento em massa de sua população, gerando ampla condenação em todo o mundo.
No entanto, um oficial de segurança israelense garantiu que ainda há uma "janela" para negociar a libertação dos reféns até o fim da visita do presidente americano Donald Trump ao Oriente Médio, de 13 a 16 de maio.
O Hamas, que exige um "acordo global e completo" para encerrar a guerra, denunciou na quarta-feira uma tentativa de impor um "acordo parcial".
Segundo a Defesa Civil, pelo menos oito pessoas foram mortas na manhã desta quinta-feira em novos ataques israelenses.
A guerra foi desencadeada pelo ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.218 mortos no lado israelense, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
Das 251 pessoas sequestradas em Israel naquele dia, 58 permanecem detidas em Gaza, incluindo 34 declaradas mortas pelo Exército israelense.
O Hamas também mantém o corpo de um soldado israelense morto durante a guerra de Gaza em 2014.
A ofensiva israelense, realizada em resposta ao ataque de 7 de outubro, deixou pelo menos 52.653 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde liderado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
D.Johannsen--MP