EUA e China anunciam importantes avanços em negociações comerciais
Estados Unidos e China anunciaram, neste domingo (11), avanços "importantes" e "substanciais" após dois dias de negociações em Genebra sobre as tarifas alfandegárias do presidente americano Donald Trump, que desencadearam uma guerra comercial.
Os dois países também concordaram com um "mecanismo de consulta" para reduzir as tensões comerciais e indicaram que emitirão um comunicado conjunto na segunda-feira.
"Tenho o prazer de informar que fizemos progressos substanciais entre os Estados Unidos e a China nas importantíssimas negociações comerciais", disse o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, a repórteres em Genebra.
O representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, que também participou das conversas com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, falou, por sua vez, em "avanços importantes".
Em um comunicado, a Casa Branca comemorou o que chamou de um novo "acordo comercial" com a China, sem dar mais detalhes.
A guerra comercial entre Pequim e Washington eclodiu quando Trump adotou uma série de tarifas que visavam especificamente a China. O gigante asiático respondeu, então, com duras medidas de retaliação.
Desde o início deste ano, as tarifas dos EUA sobre a China atingiram 145%, e os impostos acumulados sobre certos produtos atingiram impressionantes 245%.
Em resposta, a China impôs tarifas de 125% sobre produtos dos Estados Unidos, resultando na estagnação do comércio bilateral entre as duas maiores economias do mundo.
- "Passo importante" -
A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, afirmou que as discussões entre Pequim e Washington foram "um passo positivo e construtivo para a desescalada".
As reuniões ocorreram na luxuosa residência do Representante Permanente da Suíça na ONU, em Genebra.
O magnata americano disse no sábado que houve um "grande progresso" no primeiro dia de negociações a portas fechadas.
"Um recomeço total negociado, amigável, mas construtivo", disse Trump em uma publicação em sua rede, Truth Social.
As negociações são a reunião de mais alto nível entre as duas maiores economias do mundo desde que Trump retornou à Casa Branca, quando adotou uma ofensiva tarifária que ele defende como uma forma de combater práticas injustas e proteger empregos americanos.
"O contato estabelecido na Suíça é um passo importante para promover a resolução do problema", destacou um comentário publicado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua.
Antes das negociações, Trump sugeriu neste fim de semana que poderia reduzir as tarifas cobradas da China para 80%.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, esclareceu posteriormente que os Estados Unidos não reduzirão unilateralmente as tarifas e acrescentou que a China também terá que fazer concessões.
Ambos os lados tentaram reduzir as expectativas. O secretário do Tesouro americano afirmou que as negociações estão focadas em aliviar as tensões em vez de buscar um "acordo comercial grandioso", e a China insistiu em que os Estados Unidos devem reduzir as tarifas primeiro.
- "China está melhor preparada" -
O simples fato de as negociações estarem ocorrendo "é uma boa notícia para as empresas e para os mercados financeiros", explicou Gary Hufbauer, principal pesquisador não residente do Peterson Institute for International Economics (PIIE), um 'think tank' sediado em Washington.
No entanto, Hufbauer expressou ceticismo de que "algo parecido com relações comerciais normais" seja restaurado entre as duas potências, já que mesmo com tarifas de 70% a 80%, o comércio bilateral poderia ser reduzido pela metade.
Especialistas atribuíram esse desempenho inesperado ao redirecionamento do comércio chinês para o sudeste asiático para mitigar as tarifas dos EUA.
Para Hufbauer, entre alguns membros mais moderados do governo Trump, como Bessent e o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, "há uma consciência de que a China está mais bem preparada do que os Estados Unidos para lidar com essa guerra comercial".
H.Erikson--MP