

Israel diz que atuará com 'maior contundência' em sua ofensiva na Cidade de Gaza
O Exército israelense anunciou nesta terça-feira (9) que atuará com "maior contundência" na Cidade de Gaza, o maior centro urbano do território palestino, que pretende tomar em sua totalidade como parte da guerra contra o Hamas, e instou a população a abandonar a área.
"A todos os habitantes da Cidade de Gaza (...) as forças de defesa estão determinadas a derrotar o Hamas e atuarão na área da Cidade de Gaza com maior contundência", escreveu na rede social X o porta-voz em língua árabe das Forças Armadas de Israel, Avichay Adraee.
"Abandonem imediatamente pelo eixo Al Rashid", acrescentou o coronel Adraee, depois que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que os moradores do maior centro urbano da Faixa de Gaza devem deixar a Cidade de Gaza "agora".
Um fotógrafo da AFP na Cidade de Gaza informou que aviões lançaram panfletos que exortam a população a fugir para o sul.
Israel intensificou os bombardeios sobre a cidade como parte da operação de tomada de controle, apesar dos pedidos reiterados de vários países ocidentais e das agências de ajuda humanitária para que o país interrompa a ofensiva.
O Exército afirma controlar 40% da cidade, localizada no norte da Faixa, e argumenta que seu objetivo é controlar toda Cidade de Gaza para neutralizar o Hamas e libertar os reféns que permanecem em cativeiro.
O governo dos Estados Unidos promoveu nos últimos dias uma nova iniciativa para alcançar um cessar-fogo entre Israel e Hamas, sem sucesso até o momento.
- "Deslocamento forçado" -
"Em dois dias derrubamos 50 torres terroristas, e esta é apenas a fase inicial da intensificação das manobras terrestres na Cidade de Gaza. Digo aos moradores: vocês foram advertidos, saiam agora!", declarou Netanyahu em um vídeo divulgado na noite de segunda-feira.
As forças israelenses derrubaram na segunda-feira um quarto edifício de grande altura na Cidade de Gaza. Nas imagens registradas pela AFP, a torre Al Ruya desaba poucos momentos após ser bombardeada.
"Não ouvimos nada além de bombardeios e ambulâncias levando mártires", disse Laila Saqr à AFP por telefone.
Saqr, 40 anos, contou que frequentava uma academia localizada na torre, mas que agora "não resta nada".
"Israel destrói tudo, até as recordações. Se pudessem, retirariam o oxigênio do ar", afirma.
Israel afirmou que o Hamas usava a torre destruída para operações de inteligência e alertou com antecedência os moradores das áreas próximas que deveriam abandonar a região.
O Exército anunciou que quatro soldados morreram na segunda-feira em um ataque com um artefato explosivo contra um tanque.
O movimento islamista Hamas, cujo ataque de 7 de outubro de 2023 desencadeou a guerra, afirmou que a ameaça de Netanyahu equivale a um "ato explícito de deslocamento forçado" dos moradores da cidade.
"Está acontecendo sob o peso dos bombardeios, massacres, fome e ameaças de morte, o que constitui um desafio flagrante e sem precedentes às leis e convenções internacionais", afirmou o grupo palestino.
A agência de Defesa Civil de Gaza afirmou que os ataques aéreos israelenses continuaram durante a noite em toda a Cidade de Gaza.
Na segunda-feira, a agência informou que pelo menos 39 pessoas morreram em ações do Exército israelense, 25 delas na Cidade de Gaza.
As restrições ao trabalho da imprensa na Faixa impedem a AFP de verificar de forma independente os números divulgados pela Defesa Civil de Gaza ou pelo Exército israelense.
O ataque do Hamas em 2023 matou 1.219 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.
Os milicianos do Hamas sequestraram 251 reféns no mesmo dia, dos quais 47 continuam em território palestino. O Exército considera que 25 deles estão mortos.
A ofensiva de represália israelense deixou mais de 64.500 mortes em Gaza, a maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde do território, sob autoridade do Hamas, cujos dados são considerados confiáveis pela ONU.
C.Maier--MP