

Partido Comunista da China se reúne para definir estratégia econômica
O Partido Comunista da China inicia na segunda-feira (20) uma reunião a portas fechadas para definir sua estratégia econômica para os próximos anos, diante da desaceleração da atividade e do aumento dos obstáculos para o comércio.
A reunião do Comitê Central, a cúpula do poder integrada por 200 membros titulares e 170 suplentes, será crucial para determinar os objetivos políticos de longo prazo da segunda maior economia mundial.
O encontro geralmente é inaugurado e encerrado no Grande Salão do Povo de Pequim, na Praça Tiananmen (Paz Celestial), e o acesso da imprensa estrangeira aos funcionários de alto escalão participantes costuma ser muito restrito.
A reunião acontece em um momento de incerteza para a economia chinesa, afetada pela estagnação do consumo interno, uma crise prolongada no setor imobiliário e os efeitos da guerra comercial com os Estados Unidos.
A sessão, a quarta plenária organizada durante o mandato atual do comitê (2022-2027), abordará as propostas para o 15º plano quinquenal de desenvolvimento econômico e social, informou a imprensa estatal.
O plano abrange o período entre 2026 e 2030 e deve servir como roteiro para alcançar os principais objetivos do presidente Xi Jinping: a autossuficiência tecnológica e o fortalecimento de seu poderio militar e econômico.
A plenária, presidida por Xi, deve terminar na quinta-feira (23). Em seguida, as autoridades publicarão um documento com o resumo das principais decisões.
O plano amplo, com objetivos políticos, econômicos, sociais e ambientais, será aprovado em março pela legislatura.
- Impacto para o resto do mundo -
Teeuwe Mevissen, economista do Rabobank especializado em China, destacou em uma nota que geralmente as plenárias concentradas na economia atraem menos atenção que outras reuniões que abordam questões políticas mais importantes.
Contudo, ele destacou que "diante do tamanho da economia da China, estas decisões também impactam o resto do mundo".
Nos últimos anos, vários analistas apontaram que a China precisa avançar para um modelo econômico no qual o consumo interno tenha um papel mais preponderante, em vez de depender principalmente do investimento em infraestrutura e das exportações, que são, há muito tempo, os principais motores do crescimento.
Mas a demanda interna permanece estagnada e os dados oficiais mostraram que os preços ao consumidor voltaram a cair em setembro, mais do que o previsto, depois de registrar em agosto a queda mais expressiva em seis meses.
Um tema importante em discussão é a excessiva capacidade industrial do país, que cria um superávit interno de produtos muito baratos em alguns setores e exacerba as divergências com parceiros comerciais.
O início da reunião coincide com a publicação dos esperados números do crescimento do terceiro trimestre.
Os analistas consultados pela AFP preveem uma desaceleração do crescimento para 4,8% entre julho e setembro, o que representaria o pior desempenho econômico trimestral em 12 meses.
Durante a reunião, os analistas também permanecerão atentos aos participantes, devido à forte campanha que o presidente Xi mantém contra a suposta corrupção.
Segundo o centro de estudos Brookings Institution, durante o encontro, Tang Renjian, ex-ministro da Agricultura, deve ser formalmente destituído do Comitê Central.
Tang foi condenado à morte em setembro por corrupção, mas a execução foi suspensa por dois anos.
C.Maier--MP